domingo, 19 de maio de 2013

Nova Era de Leviticos


Jovens de jeans.
Levi, Leviticos e Lévi-Strauss.

 

As três principais formações universitárias desde o início da implantação de faculdades, sempre foram medicina, engenharia e direito. A partir da popularização do conhecimento com maior oportunidade de acesso às faculdades, com um maior aporte de alunos, passaram a ter os maiores índices da relação candidato/vaga e sempre foram sustentadas por elites que queriam ver filhos formados, conquistando títulos e prestígios de doutores, estudando nas melhores faculdades do Brasil ou do exterior.

A engenharia foi segmentada em diversas engenharias e a medicina foi fracionada em varias especialidades, um processo da visão cartesiana, do ser e do ambiente em que vive. Medicina ainda é um curso superior de elite, com a necessidade de alto investimento em cursos, livros e tempo. Hoje o curso de direito ainda desponta como um dos líderes na relação candidato/vaga e relação faculdades/cursos. O grande número de pessoas cursando e se formando, provocou a necessidade da entidade de classe criar uma prova de habilitação, separando os melhores dentre os diplomados, habilitando-os ao exercício da profissão. Inúmeros cidadãos fazem o curso simplesmente para atualizar conhecimentos e saber mais sobre direitos e deveres do cidadão, uma estratégia de defesa diante um mundo denominado civilizado, com regras, poderes e deveres. Para alguns, um curso de primeira opção no vestibular e para outros, um segundo curso para depois de formados, e até mesmo aposentados.

A Grande Natal/RN é formada basicamente e principalmente por aposentados e funcionários públicos que já tem uma vida regulada e programada, com a certeza de um emprego e um salário garantido, pessoas que não arriscam sair de uma zona de conforto e prazer. Muitos jovens são filhos e netos de antigos professores, aprendendo desde cedo conceitos de liberdade, direitos e conhecimentos diversos. Desde cedo já estão em contato com o pensador Lèvi-Strauss (1908-2009)

Estudantes natalenses foram às ruas reivindicar o recuo da decisão de aumento da tarifa no transporte coletivo, bem como uma melhoria no serviço atual, um serviço utilizado e avaliado pela classe estudantil no dia a dia. Foram impedidos de se manifestar a ferro e a fogo, com cenas e atos lembrando os anos de 1960 durante o regime militar, quando estudantes ocupavam as ruas pela democracia. Ontem e hoje foram adjetivados e dispersados das mesmas formas.

Ações e objetos precisam ser constantemente substituídos provocando uma mudança energética no local e evitando que os hábitos enfraqueçam os estímulos, é a distonia que determina os avanços de uma sociedade. Os jovens tem a coragem de se expor, impor e reivindicar, o que acham certo, e em defesa dos seus direitos, desde os tempos de Levi. Atitudes que assalariados não podem fazer por medo de uma repressão empresarial e aposentados e funcionários públicos, não o fazem por já ter suas vidas regradas e planejadas. Como diria o poeta soteropolitano: estão alegres e satisfeitos, possuem um Corcel 73, e esperando a morte chegar.

O mundo hoje pertence a geração TI, um mundo que se transforma com informação, conhecimento e intelectualidade, atributos do pós humano, em busca de alvos e novas metas. O homo erectus evoluiu para homo sapiens e agora saltou para o homo academicus.

As redes sociais são um novo instrumento de comunicação e convocação, quem não está conectado não está linkado com os acontecimentos. Nas ruas o confronto de uma práxis física com uma práxis intelectual de uma hermenêutica inalcançável pelo poder publico. Muitos jovens passam mais de doze horas por dia conectado a internet, obtendo informação e conhecimento, conseguindo articulação e engajamento.

O Código Civil Brasileiro foi alterado recentemente, já é permitida a união pelo matrimonio em relação homo afetiva. A maioridade penal vem sendo discutida. Há um incentivo enorme para legalização de empresas individuais com valorização do empreendedorismo. Novas leis vão sendo instituídas em um mundo que tende a não ter mais fronteiras. Depois de bolsas de estudo acrescentam-se, bolsa família, bolsa prostituta, bolsa presidiária, etc.. A língua portuguesa unifica-se entre os países lusófonos. Médicos cubanos podem ser “importados” tudo tende a uma homogeneização da sociedade e do globo terrestre. O direito está nas bocas, nas ruas e na mente.

As leis dos principais países que pensam o direito antes do hemisfério sul estão chegando e desembarcando antes mesmo do aeroporto ser inaugurado (São Gonçalo do Amarante/RN). Primeiro a gênese da criação e transformação, depois as leis e em seguida chegaram os números. De imigrantes, de importações e exportações.

Produtos líquidos embalados em caixinhas, uma tecnologia de envase importada, vêm apresentando modificações e acréscimos em seus conteúdos, com substancias toxicas, cancerígenas, de aparências estranhas. Uma legislação especifica vai precisar ser feita nos produtos da classe jovem.

Em caso de guerra um país convoca os jovens para ir á frente de batalha, já que o jovem tem a garra de defender seu pais, seu grupo e suas ideias. O jovem no caso de Natal/RN, teve a coragem de colocar sua cara e seu corpo diante da força policial, defendendo suas ideias e o direito de todos. O direito de ir e vir em um transporte digno. O transporte público é uma concessão á classe empresarial, que dever oferecer um atendimento satisfatório à população, atendendo a cálculos e estudos de demanda de determinada linha com trajeto estudado, trafegando em determinados horários, evitando o over book e redução de frota com a intenção de alcançar maiores lucros e redução de despesas.

Aumento de passagem também é impedimento de ir e vir. Cabem aos números e estatísticas separar vândalos de estudantes com calças Lewis, cidadãos que estudem Lévi-Strauss ou no livro de Leviticos. Não os classificando em apenas uma categoria, dispersando pontos nos gráficos e nas ruas, para que não se divulgue números de mortos e feridos.

 

Jornal de HOJE

 
Parnamirim-Natal/RN ─ 19/05/2013
 
 
 
Roberto Cardoso
(Maracajá)
 
 
Cientista Social
Jornalista Científico
 
Sócio Efetivo do IHGRN
(Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte)

 

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